Paredes de Giz

Um manifesto a giz nos muros da blogosfera

quinta-feira, março 03, 2005

E quando o comboio passa...

... e nós "estamos de calças na mão"? Quando pensamos que temos mais tempo do que aquele que efectivamente temos? Quando precisamos de mais?

Para a semana tenho duas entrevistas. Uma das quais para uma coisa que não quero, mas que não posso dizer que não. Preciso de tempo para encaixar esta ideia de que os meus tempos de estudante acabaram. Que agora pertenço a um mundo sem cadernos, nem lápis, nem galhofas no bar. Que uma má-disposição não é desculpa para baldas.

É que me falta Tempo para respirar fundo antes de entrar na ante-câmara do que vai ser a minha vida até à Reforma.

É que sou sempre apanhada de surpresa. Por mais previsivel que a vida seja.

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Para que saibas...

Amigo


Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta,
que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O'Neill

É uma festa. Comigo é sempre uma festa... São erros corrigidos que se aperfeiçoam em conjunto, enquanto crescem juntos (as). É não estar só nunca, mesmo quando se quer estar só, a solidão só o é por uma escolha. É um sorriso, do tamanho do mundo, escondido por detrás de um olhar. É o gesto que não o chega a ser, mas está lá. É saber e sentir sem os sentidos. Com um bocado da alma. Com Fé.

E não quero mais confusões... Que tu és casmurra, mas nunca burra... Senão não eras mesmo minha Amiga.

domingo, fevereiro 27, 2005

Os cadernos...

Tenho diversos cadernos onde escrevo ao sabor dos momentos, das vontades. Não tenho qualquer critério que me dite quando e o quê devo escrever em cada um deles. Por causa de um post que escrevi para aqui, andei a dar voltas a estes cadernos. Encontrei o seguinte excerto, escrito num tom dramático que a situação da altura exigia, num desses cadernos. Acho que tem muito daquela verdade relativa que só se aplica a mim. (Desculpa se este blog está a ficar egocêntrico, mas tu não tens escrito e esta é a forma que eu tenho de me manifestar...).

Irrita-me que em mim, onde tudo é inconstante, o amor dure para sempre. Esta espécie de dependência que me impede de ser totalmente livre, é o que de mais irracional vive em mim. Estranha mente esta que habita o meu corpo. Estranhos os desígnios do destino que confundem a alma de quem se deixa dominar pelo amor. Doces amarras ou frias correntes, está nas mãos do destino decidir. É esta sensação, a de não ter domínio algum sobre o meu futuro, que me deixa frágil e vulnerável.

15 de Maio de 2001