Paredes de Giz

Um manifesto a giz nos muros da blogosfera

quarta-feira, julho 13, 2005

Há pessoas assim que nos entendem. Quando andamos em círculos, a fugir da realidade, lêem em nós a verdade em menos de um nanossegundo. Nos dias que correm (ou correram, who knows...), acredito que sou melhor a afastar pessoas do que a mantê-las junto de mim. Especializei-me em jogar à defesa. Em proteger-me. Em fechar-me numa redoma.

Enfim, resultado: andava bastante em baixo de forma. Até porque andava de facto a mastigar situações que há muito deviam estar resolvidas (ou engolidas, mas não me soa nada bem). Por isso me soube tão bem ouvir:

"Já não és a mesma".

É verdade. Arrumadas as coisas, sigamos em frente.

Pela constatação, muito obrigada.

terça-feira, junho 14, 2005

Vertigo

OK. É oficial. A minha vida é um furacão. Esqueçam o post dali de baixo. Tempo, qual Tempo. Talvez se parar de fazer perguntas sofregamente as respostas não me caiam assim... Já sei pelo menos parte da minha vida nos próximos 9 meses. É uma certeza que me conforta.

Por essas e por outras nunca deixarei de ser uma gaja banal. Na boa, sem aventuras...

segunda-feira, junho 06, 2005

E abre-se um imenso vazio...

Há uns tempos atrás escrevia como nada corria de acordo com os planos que fazia. Et voilá! De novo tive de perceber que planos só para amanhã e olha lá...

De novo, "só sei que nada sei" (e por alguma razão classificaram o Sócrates de muito inteligente por se ter saído com uma destas...). Não sei como vai ser o mês que vem, e o outro, e o outro a seguir, e o resto da minha vida (qual vida?). Há um certo stress ignorância, é certo, mas também alguma dose de liberdade. Sim, vou escolher. Sim, vou ter tempo para pensar no que quero mesmo. Sim, vou ter Tempo. Esse bem eterno que ao tornar-se escasso, tornou-se tão valioso para mim.

É tempo de recomeçar. Só não sei o quê...

quarta-feira, abril 20, 2005

Com Tradições

Há um café, ali na Correia Teles, entre a minha casa e a da Inês (mais perto da minha...), que se chama "Com Tradições". O dito estabelecimento abriu há pouco mais de um ano, pelo que, digamos, é ainda muito jovem para que se fale em tradições.

O local onde se situa não é isento de historial. Na mesma morada, situava-se a Loja das Viagens onde iniciei o meu fascínio pela bijuteria e artesanato sul americanos. Foi também à porta desta loja, que num dia de chuva intensa, chorámos a rir com a queda de uma velhota que levava a mise protegida por um saco de plástico de um qualquer supermercado. Foi também por aqueles lados, que muitas manhãs eternamente esperei pela sempre atrasada Inês, com quem partilhava o caminhopara o liceu.

Falamos então de um café que nasceu sobre toda uma história. A nossa história. Também é certo que nesses dias não eramos de todo dadas à doce languidez da mesa de café. Reuniamo-nos então em minha casa para a má-língua e quadrilhice sobre os eventos que marcavam o nosso dia-a-dia de adolescentes. Galhofávamos, diziamos mal, desabafávamos, sofriamos males de amor, tudo num morno e aconchegante ambiente de uma quase histeria de hormonas. Desses idos dias ficaram memórias engraçadas.

Agora, porque somos mais crescidas, porque as tardes são para trabalhar, continuamos as nossas tertúlias de um modo algo diferente. Rendemo-nos ao espaço comum de um café e nele discutimos as vicissitudes da vida de adultas.

Não deixa de ser engraçado que, quando nos sentimos demasiado grandes para limitar os nossos rendez-vous ao espaço de um quarto, abra um café com um nome tão sugestivo...

quarta-feira, abril 06, 2005

Felicidade é...

A Felicidade sentava-se todos os dias no peitoril da janela.


Tinha feições de menino inconsolável.
Um menino impúbere
Ainda sem amor para ninguém,
Gostando apenas de demorar as mãos
ou de roçar lentamente o cabelo pelas faces humanas.


E, como menino que era,
Achava um grande mistério no seu próprio nome.

Jorge de Sena

É talvez a pergunta que mais frequentemente colocamos a nós mesmos. O que é, afinal, ser feliz?
Encontro a felicidade em pequenas coisas. No dia-a-dia. Tenho sorte, calculo. Seja num serão demorado com os amigos, numa manhã de sol ou até de estar na galhofa com a minha irmã enquanto fazemos o jantar.

Claro que se virmos a nossa vida em perspectiva, ao longe, vamos encontrar muitas coisas que não estão bem, que contrariam aquilo que sempre sonhámos. Mas isso é porque a felicidade não se vê. Sente-se. E só quando se vive é que se pode sentir. As análises, os pontos da situação, esses são demasiado racionais para entenderem um sentimento tão sublime.

"Carpe Diem", já dizia o outro...

segunda-feira, março 28, 2005

A Gargalhada

Passei pelo largo. Entre meia dúzia de árvores cujo nome desconheço, estava a palmeira. Houve um dia em que o vento quase fez com que as folhas tocassem no chão. Chuvia e o vento estava tão forte que sentia os meus pés a deslizarem na calçada molhada. Vínhamos do Liceu e já tínhamos desistido dos chapéus-de-chuva, que nada podiam contra a tempestade. O nosso objectivo: chegar ao café. Parecia-nos tão quente e acolhedor. Parecia seguro e a rua deixara de o ser. Subitamente uma rajada mais forte levou o gorro. Nós corremos para o café. Ela parou e depois começou, desesperadamente, à procura do gorro de lã, que no frenesim de vento tinha desaparecido. Lembro-me do alívio quando entrei no café. E de olhar pela montra e vê-la em busca do barrete que a avó lhe fizera. E lembro-me da gargalhada a nascer, no alívio, na cara molhada e no quente do nosso abrigo improvisado. E ela lá fora procurava. Debaixo dos carros, nos bancos do passeio. E então o riso venceu. E três bruxinhas sucumbiram àquela enorme gargalhada, enquanto lá fora a amiga, sózinha, desesperava. Vieram-nos lágrimas aos olhos e só parámos quando ela se juntou a nós. Chateada, porque não recuperara o gorro. Chateada porque nos tínhamos rido.

Ainda hoje não consigo dizer onde estava a graça da situação. Mas quando vi a palmeira, senti aquela garalhada a querer nascer de novo.

Desculpa lá, Sara.

quarta-feira, março 16, 2005

Optimismo por um canudo

Pois... Eu sei que o primeiro dia é difícil, que achamos que somos incompetentes. Principalmente quando se baralham algures pelo caminho e vais parar a uma área que não é a tua e NINGUÉM te justifica o que quer que seja...

Concorri a uma vaga de estratégia. Sei (pq me disseram) que na entrevista fui a PREFERIDA, que acharam que tinha o perfil ideal. E no primeiro dia de trabalho põem-me a fazer um trabalho TOTALMENTE diferente. A parte de estratégia é, inclusivé, noutra morada (na Infante Santo)...Em vez de uma secção de planeamento, de consulting, estou numa área BUROCRÁTICA. Não, não é para aprender, porque a minha suposta chefe diz que se eu me safar o mais provável é ficar a trabalhar ALI. A única pessoa que me poderia informar (para além da Católica - que não sabe de nada, mas que "vai averiguar"...) anda a fugir com o rabo à seringa. Era com ela que era suposto ter a 1ª reunião, mas nem isso... Ainda nem sequer falou connosco...

Se tiver de ficar nesta área, a esta altura não tenho alternativa, não tenho dúvidas que facilmente farei o que tiver de ser feito (é fácil). Mas não me estimula minimamente. E quando penso que poderia ter escolhido qualquer outro estágio.... Mais, o meu objectivo (a grande linha orientadora do meu pseudo percurso profissional) era fazer assessoria. Estratégia era perfeito para isso. A área comercial não.

Enfim, não me sinto incapaz, sinto-me revoltada, por nem sequer se dignarem a darem-me uma informação (tipo o que é que se passou...) e profundamente triste. Parece que às vezes, nada corre bem...